25 de Abril de 1974

4 de janeiro de 2011

A fuga da família real para o Brasil (6)

«Junot deixou para trás, no interior do país, o grosso das suas tropas, abandonou a artilharia pesada e fez uma incursão sobre Lisboa com a guarda avançada. Os seus homens estavam agora atolados em lama, com os uniformes a desfazerem-se, exaustos de semanas de marcha. (...) Os camponeses observavam em silêncio esta coluna desalinhada, que prosseguia penosamente a sua marcha através dos campos alagados, em direcção a Lisboa.
Com as notícias de que as forças francesas estavam a apenas dois dias de distância (...) toda a gente queria embarcar, as docas estavam cheias de caixas, caixotes, baús, bagagens - mil e uma coisas. Muitas pessoas foram deixadas no cais enquanto que os seus pertences iam para bordo; outros embarcavam e acabavam por verificar que a sua bagagem não os podia acompanhar. (...) Um regimento inteiro que deveria acompanhar a corte acabaria também por ficar em Lisboa, porque não foi possível encontrar espaço para os soldados a bordo. (...)
"Lisboa estava num estado de tristeza medonha, demasiado terrível para ser descrito" (...)
As forças de Junot aproximavam-se de facto muito rapidamente da capital, mas continuava a soprar um vento adverso que mantinha a frota ancorada. Os navios portugueses, agora perigosamente sobrelotados, balançavam para um lado e para o outro. Um medo indizível espalhava-se pelo convés das embarcações - o da possibilidade muito real de serem apanhados no porto pelos franceses.»

Patrick Wilcken, Império à deriva



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