25 de Abril de 1974

22 de janeiro de 2018

A serra da Arrábida - para as aulas do 5.º I

Um curto vídeo feito pela montagem de extratos de dois documentários sobre a serra da Arrábida (editados neste blogue há poucos dias), para explorar em contexto de sala de aula.




14 de janeiro de 2018

O avanço nas ciências e as reformas do Marquês de Pombal no ensino

A chamada revolução científica do século XVII caracterizou-se pelo interesse humano voltado para a técnica e para a ciência experimental, procurando um conhecimento que tivesse um desdobramento prático para a sociedade e para a vida do Homem. 
Passou a haver uma nova forma de fazer ciências, mais "verdadeira".

Laboratório

No século XVIII, que marcou o nascimento da química moderna, verificou-se a criação de laboratórios químicos e de outros locais - gabinetes e museus de história natural - destinados à investigação da natureza.

Gabinete de Física da Universidade de Coimbra (fotografado em 1899?)

Esta criação esteve relacionada com o processo de valorização do conhecimento da natureza. voltado para fins utilitários. O ensino começava a ser uma preocupação do Estado e a deixar de ser um monopólio da Igreja – é a chamada laicização (ou secularização) do ensino.

Universidade de Coimbra - Primeiro laboratório (fotografado em 1899)

Em Portugal, essa visão do ensino e o interesse pelo conhecimento científico da natureza recebeu maior atenção com as reformas do ensino feitas no governo de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal).

Entre outros empreendimentos oficiais, o Museu de História Natural e o Gabinete de Física foram instalados no Palácio Real da Ajuda, próximo do Jardim Botânico da Ajuda, fundado em 1768. Destinavam-se, prioritariamente, à educação dos príncipes.

Jardim Botânico da Ajuda, projectado por Domingos Vandelli,
um botânico italiano, contratado pelo rei D. José.
Vandelli foi diretor do Real Jardim Botânico da Ajuda,
do Laboratório Químico e do Museu de História Natural.

Em 1772, após a reforma do ensino, foi criada uma aula de química na Universidade de Coimbra e também foi fundado o Jardim Botânico da mesma universidade.





Laboratório químico da Universidade de Coimbra,
agora integrado no Museu da Ciência desta universidade

Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (desenho de folheto)

Já no reinado de D. Maria I, em 24 de dezembro de 1779, foi instituída a Academia Real de Ciências, espaço de investigação e divulgação do saber científico.

A Academia real de Ciências passou, posteriormente,
a ser designada Academia das Ciências de Lisboa

Ainda no reinado daquela rainha (1801), surgiu o Laboratório Real de Química na Casa da Moeda de Lisboa, como secção da Universidade de Coimbra, para onde foi transferido mais tarde (1804).


Laboratório de Química da Escola Politécnica (Lisboa), já do século XIX
Em Portugal, temos o extraordinário privilégio de possuir três laboratórios químicos históricos, de três séculos diferentes, ligados a três universidades: o da Universidade de Coimbra (séc. XVIII), o da Escola Politécnica, na Universidade de Lisboa (séc. XIX) e o Laboratório Químico Ferreira da Silva, na Universidade do Porto (início século XX), que está por recuperar.


Lisboa antes do Terramoto

Foto (parcial) da maqueta existente no Museu de Lisboa (centro da cidade) e planta do Terreiro do Paço e da zona envolvente (a que está em primeiro plano na maqueta, com os principais edifícios identificados).




11 de janeiro de 2018

A construção do Império Romano (para a turma do 5.º I)

Mapa do IMPÉRIO ROMANO (século II)


Ao longo de séculos, os Romanos foram expandindo o seu território até que este se tornou um grande e poderoso império.


Império Romano em 241 a.C.


Império Romano em 197 a.C.


Império Romano em 133 a.C.


Império Romano em 27 a.C.

Octávio Augusto foi o seu primeiro imperador (27 a.C.).

Os objetivos dos Romanos eram:
  • aumentar os seus territórios
  • encontrar riquezas
  • encontrar terras férteis
  • encontrar novos mercados
  • garantir a sua segurança 

No século II o Império Romano estendia-se por três continentes, abrangendo toda a bacia do Mar Mediterrâneo, e contava cerca de 70 milhões de habitantes.

O Mediterrâneo era um mar interior do Império, a sua principal via de comércio.

Mapa do Império Romano na sua extensão máxima (século II)

A Península Ibérica foi um dos territórios dominado pelos Romanos, fazendo parte do Império. Os Romanos dominaram a Península Ibérica durante mais de 600 anos. A sua presença mudou o modo de vida dos povos peninsulares.
A Península Ibérica dividida nas suas 3 províncias romanas

Romanos - as atividades económicas (para a turma do 5.º I)

Os romanos desenvolveram as atividades económicas.

Na agricultura, cultivavam o trigo, a vinha (para a produção do vinho) e a oliveira (para a produção do azeite).



Colher o trigo, já com a ajuda de uma máquina

Apanha da azeitona
Lagar de azeite - a produzir azeite,
enchendo de imediato as ânforas
para o seu transporte

Lagar de vinho
Exploraram pedreiras e minas.





Surgiram muitas olarias, onde se fabricavam materiais de construção, objetos de uso quotidiano, como a loiça doméstica, e, as ânforas, para o transporte de azeite, vinho, conservas de peixe, frutos secos, etc.



Em Portugal, em locais do litoral, foi muito importante a indústria da salga de peixe, feita em tanques de que nos chegaram muitos vestígios.

Tanques de salga de peixe
Com a maior produção, o comércio recebeu um grande incremento.



Os produtos circulavam Império Romano, sendo o mar Mediterrâneo a grande via de comunicação entre as várias províncias do Império.


10 de janeiro de 2018

Romanos - as construções (para a turma do 5.º I)

É ainda hoje visível, pelos mais diferentes vestígios, a grande variedade de construções romanas na Península Ibérica.

As estradas ou vias romanas.




As pontes.


Os aquedutos, que transportavam a água.


As termas, local onde se tratava da higiene e se convivia.


Os teatros, onde se realizavam as representações.


Nos templos, os Romanos prestavam culto aos seus deuses.

Ruínas do templo romano de Évora

E ainda as praças públicas (fóruns).

Assim seria um fórum romano


7 de janeiro de 2018

Mário Soares - uma biografia


No dia 7 de janeiro de 2017, faleceu aquele que foi o primeiro civil a ocupar a Presidência da República seis décadas após a queda da I República.
Foi um político marcante do último quartel do século XX, para além do papel que representou na oposição ao regime do Estado Novo. Por isso, esta biografia, um curto resumo de uma vida intensamente vivida e com largas repercussões na sociedade portuguesa.


Como sempre acontece em relação aos políticos, sobretudo aqueles que exercem cargos governativos e cuja atuação ainda é relativamente recente, é possível que muitas vozes críticas se levantem à sua ação. Tal faz parte da própria vivência democrática, para a qual Mário Soares contribuiu, com mais ou menos polémica, consoante as perspetivas ideológicas.

Tomei como base o artigo Mário Soares, de Maria Fernanda Rollo e de José Maria Brandão de Brito, no Dicionário de História do Estado Novo, de onde, portanto, são extraídas as citações (assinaladas a verde, como costume neste blogue).




Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado e político, nasceu em Lisboa, a 7 de dezembro de 1924, no seio de uma família republicana e liberal.

A entrada na Universidade, no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, levou-o a intervir na vida política contra o regime ditatorial do Estado Novo.
Aderiu ao Partido Comunista (PCP) em 1942, do qual se viria a desligar em 1950.

Fotografias de Mário Soares no arquivo da PIDE
Na sequência da vitória dos Aliados na II Guerra Mundial (1945), um grupo de “velhos oposicionistas” fundou o Movimento de Unidade Democrática (MUD), o qual contou com uma organização de jovens – o MUD Juvenil – de que Mário Soares, então com 22 anos, foi o primeiro presidente da comissão central.
Em 1946, por efeito dessa sua participação no MUD, foi preso pela primeira vez.

Reunião de constituição do MUD
Em 1949, foi secretário-geral da candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República.
Entre 1946 e 1949 foi preso quatro vezes pela polícia política. Foi na prisão, em 1949, que se casou com Maria de Jesus Barroso.

Mário Soares e Maria Barroso
Impedido de ensinar, por lhe ter sido negado o diploma do curso de Histórico-Filosóficas, iria fazer o curso de Direito (1952-1957).
Como membro da Resistência Republicana, passou a fazer parte do Diretório Democrato-Social (1956).
Começou a exercer advocacia em 1958 e regressou à primeira linha da ação política. Nesse mesmo ano, empenhou-se na candidatura do general Humberto Delgado.

Campanha eleitoral do Gen. Humberto Delgado
(Mário Soares junto ao general)
Em 1959, esteve nos preparativos de uma revolta que não resultou (“Revolta da Sé”) e assinou o documento que pedia o afastamento do chefe do Governo, Oliveira Salazar, da vida política.
«Ficaram célebres algumas das suas intervenções como advogado defensor dos presos políticos em dezenas de julgamentos, realizados em condições dramáticas, no Tribunal Plenário de Boa-Hora e no Tribunal Militar Especial de Santa Clara».


Depois de ter sido preso mais duas vezes (1960 e 1961), fundou, em 1964, a Associação Socialista Portuguesa (ASP), na cidade de Genebra (Suíça).
Preso mais três vezes (1965, 1967 e 1968), foi deportado para a ilha de S. Tomé, por tempo indeterminado. Mas, em 1968, Salazar foi afastado do Governo, por motivos de saúde, tendo Mário Soares sido autorizado a regressar a Portugal pelo novo chefe do Governo, Prof. Marcelo Caetano.


Em 1969, concorreu às eleições para a Assembleia Nacional pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), mas o partido que apoiava o Governo, a União Nacional, “como de costume”, elegeu todos os deputados.
Viajando por vários países, denunciou a falta de respeito que existia em Portugal relativamente aos Direitos Humanos e à guerra que era travada nas colónias africanas. Arriscando nova prisão, exilou-se em Paris.

Grupo fundador do Partido Socialista (PS)
Em 1973 transformou a ASP num partido político – o Partido Socialista (PS) – fundado nos arredores de Bona (Alemanha), a 19 de abril de 1973. Mário Soares foi o seu primeiro secretário-geral, cargo que desempenhou até ser eleito Presidente da República, em 1986.
Estava na cidade de Bona quando se deu o golpe militar de 25 de abril de 1974.

Regresso de Mário Soares a Portugal, em 1974 - o Comboio da Liberdade
Regressou a Portugal de comboio com outros dirigentes socialistas que estavam exilados – o “comboio da liberdade” – chegando a Lisboa no dia 28 de abril.
«A revolução dá os seus primeiros passos. O 1.º de maio fica a constituir o dia em que simbolicamente se inicia o longo e complexo percurso em direção a uma democracia pluralista e representativa, abrindo caminho para a constituição de um verdadeiro Estado de direito.»

Mário Soares e Maria Barroso no 1.º de maio de 1974
Foi ministro dos Negócios Estrangeiros nos três primeiros governos provisórios (maio de 1974 a março de 1975). Foi nessa qualidade que negoceou os processos de independência dos territórios coloniais, processo muito complexo e polémico. Discursou na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 1974, e «Pela primeira vez, desde a admissão de Portugal na ONU, um representante do Estado português é aplaudido sem reservas por toda a assembleia.»


Em 1975, «critica asperamente o sentido que estava a tomar a revolução portuguesa. (…) 1976 é o ano do virar de mais uma página na história portuguesa. É sobretudo o ano do início e consagração de um novo percurso: o da normalização democrática.»


Foi eleito deputado em várias eleições. Foi Primeiro-Ministro em três governos (I Governo Constitucional - 1976-1978, II Governo Constitucional - 1978 e IX Governo Constitucional - 1983-1985), mas nenhum deles chegou ao fim do mandato, numa época em que as crises políticas eram frequentes.


Cerimónia da integração de Portugal na CEE
Enquanto chefe de Governo, em 1977, solicitou formalmente a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), a atual Comunidade Europeia, e, em 1985, assinou o Tratado de Adesão de Portugal à CEE.

Depois de sair do Governo, ainda em 1985, anunciou a sua candidatura à Presidência da República. «Em 16 de fevereiro de 1986 é eleito “presidente de todos os portugueses”, tornando-se o primeiro civil a ocupar a Presidência da República, seis décadas após a queda da I República.» Foi reeleito Presidente em 1991, concluindo o mandato em 1996.


As suas opiniões e a sua atuação “marcaram o ritmo da vida política portuguesa”. «Como um pêndulo, regressa sempre às convicções originárias: respeito e defesa da Democracia, à consolidação da Liberdade e dos Direitos Humanos, desenvolvimento do país e reforço do prestígio de Portugal na ordem internacional. (…) Mário Soares foi ator principal da construção da democracia, fica na história portuguesa desta segunda metade do século XX como alguém cuja atuação foi decisiva para recolocar o país nos caminhos de uma sociedade aberta e plural, conscientemente integrada no projeto europeu.»

Mário Soares pintado por Júlio Pomar

Selos evocativos de Mário Soares